sábado, 31 de maio de 2008

O Sultão e o Vizir‏


Durante uns trinta anos, um Vizir, que era conhecido e admirado por sua lealdade, sinceridade e devoção a Deus, serviu ao seu senhor.
Sua honestidade, entretanto, gerou inimigos na corte, que espalhavam calúnias a seu respeito.
Eles falavam ao ouvido do Sultão o dia inteiro, até que ele também começou a desconfiar do inocente Vizir e acabou condenando à morte o homem que lhe servia tão bem.
Naquele reino, quem fosse condenado à morte, era amarrado e jogado no cercado onde o Sultão mantinha os seus cães de caça mais ferozes.
Os animais estraçalhariam a vítima de imediato. Antes de ser jogado aos cães, entretanto, o Vizir fez um último pedido: precisaria de dez dias de trégua.
Nesse tempo pagaria as dívidas, recolheria o dinheiro que lhe deviam e devolveria artigos que as pessoas lhe deram para guardar.
Dividiria seus bens entre os membros da sua família e indicaria um guardião para os filhos.
Depois de ter a garantia de que o Vizir não iria tentar fugir, o Sultão lhe concedeu o pedido.
O Vizir correu para casa, juntou cem moedas de ouro, depois foi visitar o caçador que cuidava dos cães do Sultão.
Ofereceu ao homem as cem moedas de ouro e disse:
"Deixe-me cuidar dos cães durante dez dias".
O caçador concordou e durante os dez dias seguintes o Vizir cuidou das feras com muita atenção, tratando-as bem e alimentando-as bastante.
No final dos dez dias elas estavam comendo na sua mão. No décimo primeiro dia, o Vizir foi chamado à presença do Sultão, e este assistiu enquanto o Vizir era jogado aos cães.
Mas quando as feras o viram, correram até ele e mordiscaram afetuosamente suas mãos e começaram a brincar com ele.
O Sultão ficou espantado e perguntou ao Vizir por que os cães haviam poupado a sua vida.
O Vizir respondeu:
"Cuidei desses cães durante dez dias e o senhor mesmo viu o resultado. Eu cuidei do senhor durante trinta anos, e qual foi o resultado? Fui condenado à morte por causa de falsas acusações levantadas por meus inimigos".
O Sultão corou de vergonha. Ele não só perdoou o Vizir como lhe deu belas roupas e lhe entregou os homens que o haviam difamado.
Mas o nobre Vizir os libertou e continuou a tratá-los com bondade.

* * *

Por vezes nós temos agido como o Sultão da história. Desconsiderando pessoas que nos são fiéis por longo tempo, damos ouvidos a outras que desejam destruir e infelicitar.
Há sempre caluniadores nos palcos terrenos, e sempre há quem lhes dê ouvidos e crédito.
O indivíduo que fala mal dos outros quando estes estão ausentes, não tem boas intenções.
Quem deseja edificar, corrigir equívocos, melhorar a situação, fala diretamente com os envolvidos e ouve as suas razões.
Geralmente instigadas pela inveja, o ciúme, o despeito, pessoas arrasam a vida de outras pessoas e geram infelicidade para si mesmas, num futuro próximo ou distante.
Por isso, é sempre importante pensar sobre as verdadeiras intenções daqueles que gostam de fazer comentários sobre quem não está presente e não tem a menor chance de se defender.
É importante considerar, ainda, que quem faz comentários maldosos dos outros para você, poderá fazer de você para os outros, logo mais.
Pensando assim, sempre que o assunto em pauta for uma pessoa, seria justo que ela pudesse participar da conversa.
Você não gostaria de estar presente quando o assunto fosse você?
Pois bem, é muito provável que as outras pessoas também desejem o mesmo.
Por mais fascinante que seja falar mal dos outros "pelas costas", isso jamais fará dessa prática uma atitude nobre.

De: JUlia Torres
Enviada: quinta-feira, 29 de maio de 2008 19:34:22
Por e-mail

Livro: O Livro de Ouro da Sabedoria - Ed. Sapienza
Comentários da Equipe de Redação do Momento Espírita